25 de abr. de 2014

I – Ricardo e as Areias Brancas de Emphatica.

Andando pelas Areias Brancas de Emphatica, sinto o vento soprar suavemente, beijando cada extremidade do meu corpo. Nas Areias Brancas de Emphatica não há maldade, não há decepção e não há tristeza. Mas também não há vida.  Não tenho mais nada a perder, e a fazer também. Repousado sob minha cama, posso viajar para onde eu quiser a cada piscada de olho. Meu nome é Ricardo.
Não que isso seja essencialmente necessário mas, as pessoas tem manias de nomear as coisas. Como quando tentei nomear o amor. Que diabos! O maior desafio que encontrei. Sempre me disseram que eu tenho um grande coração, um coração de ouro, que qualquer pessoa no mundo gostaria de ter. Mas voltando para a minha vida, para se ter um contexto mais abrangente, me formei no ano passado. Até então, contava nos dedos os dias da formatura. Agora conto nos dedos quando algo virá para mudar minha vida completamente; e advinha só? Tenho somente dez dedos!
         Vagando pelas Areias Brancas de Emphatica repouso no tempo e sinto a velhice me abraçar a cada dia que passa. Nesse lugar, há sol mas ele não queima. Há lindos mares e oceanos mas eles não molham. Há somente um lindo contraste das Areias Brancas em dias infindáveis de sol. Mas voltando ao amor, eu já provei do amor e ele é magnífico e revigorador. Quando a gente ama de verdade, todas as decepções e tristezas vividas até o momento da sublime revelação, desaparecem e dão espaço a um sentimento puro e traiçoeiro, compartilhado por duas pessoas, vagando para destinos diferentes, como carros que compartilham ruas de duas mãos.
Quando duas pessoas se encontram e se apaixonam, elas tem que entrar no mesmo ritmo e tentar encontrar um balanço em duas direções opostas, o que não é nada fácil. Por isso que amar é lindamente desesperador. Mas eu não sei viver sem amor. Não há sentido se não houver, aliado a ele, uma carreira e felicidade duradoura. Claro, você pode ter um ou outro, mas só será completo se houver amor.
         Amor é contradição o que me faz ser contraditório porque amo infinitamente cada sentimento que meu coração de ouro produz. Sou infinito em cada intervalo de paixão, de dor, de alegria e de contradição. Tenho um coração de ouro e por esse motivo, acho, que não sei amar. Meu coração é de ouro sólido, e tudo que eu toco, como Midas e sua maldição, vira ouro. E vai reluzir e enriquecer outros corações.


Cor: Olhe para as areias. / Música: No Rest for The Wicked – Lykke Li

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