13 de mar. de 2011

Não achei um título bom

Ele acordou no hospital depois de ter um pesadelo. Estava sendo agredido por um bando. Literalmente um bando porque não pareciam humanos. Ray não sabia o porque de estar olhando pra um teto branco e estar num quarto de hospital. Mas logo a resposta apareceu.
Ray olhou sua mão e percebeu que estava enfaixada. Sentia um dor quando tentava mexer qualquer parte de seu corpo. Fechou seus olhos. Agora as imagens de seu pesadelo voltaram com tremenda força, pareciam realidade. Será que fora agredido? A enfermera apontou na porta.
- Ray?
Ele não conseguia responder, mas mantinha os olhos bem abertos. Os olhos de Ray eram de um castanho amarelado, mas estavam apagados, com cor de desespero.
- Você está acordado... Muito bem! Vou te dizer o que aconteceu. Você foi agredido por um bando de moleques. Eles foram pegos pela polícia. Alegaram que bateram em você por que você era gay e tinha de ser eliminado. Bem, já te informei. Bom descanso.
A enfermeira meuxeu em alguns botões, e trocou a saquinho do soro por uma substância amarelada. Ray arregalou os olhos. Ouvi-a sussurar algo como "e agora vou completar o serviço". O desespero dele crescera em um ritmo indescritível. Esperou a enfermeira sair e juntou todas as forças pra levar o braço onde o líquido estranho começava a entrar atéa boca. Retirou com toda força que teve e deu um grande suspiro e relaxou. Alguém entrou.
- Ray? Está me ouvindo?
Ele olhou atentamente para o rapaz que entrara.
- Bem, vim pedir desculpas pelo o acontecido de ontem. Eu fui um dos que te bati, fugi, mas estou muito arrependido.
Os olhos amarelados de Ray voltaram a ter uma leve cor.
- Os meus amigos não suportam um homossexual. Eu não tenho nada contra, mas fui pressionado a fazer isso e peço infinitas desculpas.
- Obrigado - disse Ray juntando forças que restavam.
- Mas porque o seu soro está fora do seu braço?
O menino pegou o saquinho e sentiu um cheiro estranho. Cheiro de gasolina.
- Gasolina? Quem faria isso?
Ray não conseguia responder mas o menino conclui sozinho.
- Ah, meu nome é Matt.
- Obrigado Matt. Não é porque sou gay que não mereço respeito.
- Eu sei disso. Por isso vim pedir sinceras desculpas.
A enfermeira entrou.
- O que você faz aqui? Quem deixou você entrar?
- Só vim visistar Ray...
- Ele não pode receber visitas. Oh meu Deus, você retirou o soro dele?!
- Isso não é soro, é gasolina!
A enfermeira engoliu seco. Recolou o soro no braço de Ray, que estava imobilizado. Matt derrubou o pedestal do soro.
- Você tem problema? - gritou a enfermeira.
- Você quer matar ele! - retrucou Matt.
- Ele tem que morrer, está poluindo nossa humanidade!
- Você que está poluindo com essa mente fechada.
A cara da enfermeira estava vermelha. Matt a agarrou pelo pescoço e a levou para fora da sala. Ray havia desmaiado em cima da cama do hospital.
Um mês depois, sem receber visitas e com outra enfermeira cuidando de seus tratos, Ray já conseguia sentar na cama, mas ainda estava fraco. Recebeu o jornal para ler e seu caso era a principal manchete.
"Homossexual é agredido e polícia abafa caso"
A foto era de Matt. Depois de ler a reportagem ele descobriu que Matt foi em busca da mídia e contou o caso. "Por que há tanta violência contra os homossexuais?" Questionava a reportagem. Era algo que pôs Ray pra pensar. Com uma das pernas paralisada, teria muito tempo pra descobrir porque a sociedade era tão medieval.
Ray levaria algum tempo pra descobrir que você, leitor, tem medo. Medo de tudo a sua volta. E não adianta falar que não. Todos nós somos medrosos. Mas só quando alguém te ataca e te espanca é que você cai na real.

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