30 de mar. de 2011

Coração

Todos riam de Punet na escola. Ninguém conseguia ver ele fazendo algo sem rir dele. Punit percebia que todos riam mas preferia ignorar. Levado pelo insitinto de ingorar era mal tratado todos os dias. Até que ele resolveu tomar uma atitude.

- Olha lá gente, é o Punit. Será que ele veio de qual mundo? Dos Punitilóides?
Punit passou reto. Um livro voou e bateu em sua cabeça fazendo ele cambalear e cair de quatro no chão.
As risadas foram altamente contagiantes. Mas Punit não achara graça e continuava agachado. Quando ele menos esperava alguém pulou em cima dele e gritou:
- Vai cavalo Punit, pelo menos as coisas do seu planeta tem que saber trotar! - disse André, o menino exibido da escola.
Punit jogou André para trás e deixou a vista seus olhos amarelados que sempre estavam cobertos pelos seus cabelos acinzentados e lisos. Chacoalhou a cabeça e rumou para o outro lado. Teve uma ideia.
Passou em uma loja de artefatos baratos e comprou uma lanterna qualquer. Chegando em casa desenroscou a lanterna e colocou pilhas para ver se funcionava. Depois de ver que tudo estava certo, foi ao quarto de seu irmão pegar um raio X. Kaito era o irmão de Punit. Tinha um problema em suas costas que precisava verificar como estava a cada mês, por isso foi fácil encontrar uma radiografia dele. Depois de conseguir a radiografia, cortou ela em formato de círculo e fez perfeito encaixe com o buraco de onde a luz da lanterna saia. Testou e viu que a luz emanada da lanterna era azul. Apontou-a para seu peito e conseguiu ver seu coração batendo. Conseguira completar a primeira parte de seu plano.
No outro dia, na escola, queria realizar a segunda e última parte de seu plano. Inventou uma desculpa para ir ao banheiro e ficou lá. Como André era o líder da sala, - e o que mais implicava com Punit -  ele teria que verificar porque o garoto demorava tanto. Foi como pensado. André chegou ao banheiro e falou:
- O Etezinho está aí?
Punit não respondeu.
- Vai me fazer olhar por todas as portas seu doente?
Nada foi dito.
- Ah, seu moleque idiota, eu estou perdendo matéria importante!
- Como se você ligasse pra isso - retrucou Punit.
- Hum, o potrinho alien respondeu - disse André chutando a porta para checar se o menino estava ali.
- Claro, tenho boca.
Quando André ia se virar, Punit agarrou-o pelo pescoço e o empurrou até sentar em um vaso sanitário. Empurrando André contra a parede, Punit o olhava com seus olhos amarelados, parecendo faíscas.
_ O que você quer de mim? - falou André.
- Só quero que fique parado. Pode ser?
- Tu-tudo bem. - disse o outro tremendo.
Punit pegou a lanterna no bolso, ligou-a e apontou para o peito do menino encurralado. Uma luz azul tocou o tórax de André, que olhava para Punit com cara de assustado. Os olhos amarelados continuavam encarando, mas agora o alvo era o ocoração de André, que batia aceleradamente, visivelmente claro, como se o peito dele fosse transparente. Punit respirou fundo, como se tivesse se rendido e disse:
- Pronto, obrigado pelo seu tempo, senhor da razão.
André ficou mudo. Não conseguia falar nada e só pensava em um pedido de desculpas, de tanto medo que estava. Reuniu suas forças e perguntou a Punit:
- Mas o que você queria fazer apontando essa lanterna azul pra mim?
- Queria ver se você tinha coração.
- Mas é claro que eu tenho! Sou humano!
- Mas não parecia. Que humano com coração tem a coragem de fazer o que você faz comigo? Achei que você não tinha um, mas já que você tem, com certeza tem a capacidade de se redimir e mudar pra melhor.
Punit se virou e foi andando para fora do banheiro enquanto André permanecia sentado no vaso. A culpa e vergonha haviam espancado ele.
Uma coisa ele teve certeza: nunca mais ia duvidar da simplicidade. Nunca mais ia esquecer que tinha um coração. E Punit continuou como sempre, em seu mundo, seu palácio.

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