4 de fev. de 2011

Aidan

Eu estou deitado na minha cama, ouvindo "No Mozart" da Natasha Bedingfield, pensando um pouco. O que aconteceu comigo hoje mexeu um pouco com a cabeça.
Nem tento parar de pensar porque sei que não é possível. Estou com vontade de gritar. Uma borboleta está rodando a luz do ventilador de teto. Acabo de perceber que eu não tenho uma vida perfeita. Achava que ter essa habilidade me deixaria especial e com uma vida maravilhosa. Mudei de música. Agora estou ouvindo Ellie Goulding, "The End". Alguém está vindo.
- Aidan?
- Meu nome.
- Você não parece bem.
- Até que enfim você chegou.
Minha melhor amiga chegou. Tinha convidado ela antes de acontecer o que aconteceu, agora terei que aguentar.
- Você não parece bem Aidan.
- Alice, você já disse isso.
- O que você tá ouvindo?
Ofereço o fone a ela. Alice sentou do meu lado. Depois de alguns segundos ouvindo a música ela volta com a pergunta.
- Aidan... O que você tem? - ela está apertando minha mão.
- Você sabe.
- O que aconteceu, me conta logo, vai te fazer sentir melhor.
- Meu poder.
A pior coisa que eu podia ter feito era ter mostrado meu poder a alguém. Alice sabia, porque é uma das únicas pessoas que confio. Meu poder consiste em mostrar as minhas emoções. Posso fazer com fogo, água, terra, qualquer elemento natural. É só balançar meu dedo indicador na minha frente que as coisas começam a se desenhar com o elemento mais próximo.
- Você mostrou pra alguém, foi isso, né?
- Mostrar eu mostrei, mas não exatamente como eu queria.
- Desembucha logo.
- Foi com o Peter.
- Mas o Peter não é o menino que ri da sua cara e que você não suporta?
- Esse mesmo. Ele estava no parque e eu estava lá sentado lendo meu livro ( desliguei meu mp3, estava me irritando). Peter chegou e disse que eu não pegava ninguém, que eu era um fracote e essas coisas que eu costumo ignorar. Mas aquela hora o instinto falou mais alto. Eu disse a ele pra me acompanhar e ele foi. Entramos no restaurante a luz de velas. Fui lá porque o banheiro é sempre vazio e dá pra entrar sem eles verem. Mas antes que eu dissesse algo, Peter pegou uma vela e levou para o banheiro. Eu fiquei com medo mas o instinto ainda estava agindo. Mexi meu dedo e aconteceu.
- Aidan... nem preciso falar que você não devia ter feito isso.
- Posso continuar?
- Vá em frente.
- Eu abri a torneira e Peter ficava mais impaciente a cada segundo. Mas minhas emoções foram para o fogo e se tornaram um dragão que atacou ele! Eu tentei impedir fazendo outra coisa com a água mas já era tarde. O banheiro começou a pegar fogo e Peter já estava no chão machucado e queimado. Peguei ele nos meus braços e levei pra fora do restaurante e voltei ao parque. Lá eu peguei um pouco de água do lago e molhei o rosto dele e ele acordou. Eu disse desculpa e ele deu um sorriso e disse: " Sabia que eu gosto muito de você?". Eu fiquei surpreso e deixei ele lá no parque deitado e vim pra casa. Tomei um banho e aqui estou.
- Nem sei o que dizer.
- Muito menos eu.
Mexi meu dedo e a terra do quintal veio pela janela e formou um labirinto.
- Não entendi Aidan.
- Muito menos eu Alice.
Ela me deu um beijo na bochecha e foi embora. E eu voltei a ouvir música. Dessa vez quem me contemplou foi a Duffy, com "Too Hurt Too Dance".

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