6 de abr. de 2010

Diário

"Não tem pior sentimento do que a rejeição. Você se sente vazio, perdido, maltratado, sem rumo. Você quer fazer de tudo pra ganhar um sorriso, pra fazer uma amizade, pra não ser olhado torto. Ninguém que saber quem eu sou, o que eu faço, como é ser eu e muito menos como é estar ao meu lado. Têm medo de arriscar, ficar ao lado de um ser enigmático, calado. Medo de perder algo que ainda nem tem." Assim começava o diário de Riley.
Ela se sentia rejeitada por todos que conhecia. Se ela não tomasse iniciativa e se mostrasse, ninguém ia atrás dela, ninguém lembrava dela, ninguém. Ela queria um pouquinho de atenção, ela queria um pouquinho de amigos, queria estar envolvida em algum grupo, queria, queria, queria. Mas ela não sabia se ninguém deixava ela querer ou se ela mesma não se deixava querer. Por isso escrevia um diário.
Riley se concentrou para escrever a página do dia. Um colega chegou pelos cantos, sem ela perceber, e olhava ela escrever, porque ele não tinha ninguém pra conversar, só tinha ela no escritório onde trabalhava. Enquanto ela escrevia, o seu colega a acompanhava no computador.
" Hoje foi e está sendo a mesma coisa de sempre. Trabalhar e conversar com o computador, porque assuntos interessantes, só ele pode me dar. Ninguém se interessa em saber se fiz certo, se fiz errado, se estou bem, se estou mal, se estou viva se estou morta. Mas o computador, acho que ele é mais humano que os outros daqui. Prefiro achar que se eu não vier, ele vai sentir falta de alguém que o ligue. Prefiro achar que ele sempre aceita o que eu falo e indiretamente me pergunta como estou quando escrevo aqui. Prefiro achar. Acho que agora tenho que voltar para minha rotina de Maria-ninguém."
O seu colega que acompanhara tudo estava sem palavras com as mil palavras de Riley. Ela olhou pra ele meio assustada, pois ela foi pega no flagra.
_É...Riley. Você está bem? - perguntou ele meio confuso.
Ela só olhou bem no fundo dos olho dele. com um olhar com desprezo, repúdio.
_ Posso acompanhar seu diário, é... diariamente?
Pela primeira vez ele ia ouvir Riley falando algo que importasse pra ele:
_ Você decide. Se você quer continuar como é, vá em frente. Mesmo que a pior coisa é ser rejeitado por algúem que a gente nem que quer que goste da gente, vá em frente. Talvez assim, eu pare de escrever sobre rejeição.
O seu colega deu um sorriso pra ela.
Tem uma Riley escrevendo na sua testa e você não quer ver. Vai na frente do espelho e veja. A Riley sempre esteve na sua vida. Mesmo que você não ache.

Um comentário:

  1. Oi Jean!

    Votei no "pensei em mim" e explico: já fui um pouco Riley nessa vida também.

    A duras penas aprendi que a grande rejeição que eu tanto temia, partia exclusivamente de mim mesma.

    Aprendi que a minha felicidade depende única e exclusivamente de mim, não é produtivo e muito menos justo atribuir isso a ninguém.

    Gostei muito do texto!

    Beijoca!

    ResponderExcluir