20 de fev. de 2010

Medo

Certo dia um menino viu uma estrela cadente. Fez um pedido secreto, não contaria a ninguém. A noite passou como um trem na maior velocidade. O menino acordou com seus cabelos embaraçados, coçou a cabeça, levantou da cama, foi para sala. O silêncio era enorme. Foi até o quarto de sua mãe, pois seus pais eram separados, e viu ela meio que saindo da cama e um pouco em cima dela. Ela estava como uma estátua com pele, cabelos, dentes, olhos, enfim, tudo real. Seu desejo havia se tornado realidade.
Tudo havia parado.Agora ele podia fazer o que sempre quis, o que não podia, e o que nunca quis também. Saiu de casa, ainda com pijamas, cantarolando pela rua vazia. Pelo seus cálculos chegaria em seu destino em menos de 30 minutos: sua amada, que não amava ele.
Conseguiu se infiltrar pela janela do quarto e ela estava dormindo, apesar de paralisada. Ele a beijou com muita vontade, e a beijou por toda a parte. Mas aí percebeu o que não queria que percebesse. Nada tem a mesma emoção sem vida, coisas inanimadas não tem emoção. Ele deu um grande suspiro e disse algo finalmente:
_Esqueçi de pedir para poder voltar quando eu quiser, mas pelo o menos tenho comida para o resto da vida.
E o menino que parou o tempo morreu um longo tempo depois. Mas acho que uma coisa ele quis fazer: viver seus momentos sem o medo.
Sem o medo as emoções parecem ficar fracas. O medo. Vai enfrentar seus medos ou vai morrer querendo parar o tempo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário